terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Cadernos Negros Vol.33 - Poemas afro-brasileiros

Oi, venho aqui postar os meus poemas preferidos desse livro magnífico que tive o prazer de ler. Como eu consegui ele? Na melhor aula que já tive... ta que não é muita coisa para quem tem só 17 anos, mas foi excelente. Minha professora depois do dia da consciência negra levou cartazes trazendo dados sobre os negros (número de mortos, em universidades, que utilizam bolsa familia, etc) dados significativos e importantes e deu uma aula excelente sobre o tema e olha que ela é só estagiária... Só tenho uma coisa a dizer sobre ela, vai ser uma professora fantástica!!! Os alunos não só vão lembrar dos assuntos que aprendeu, mas dela em especial e como ela mostrou algo importante na nossa vida que formou opiniões e abriu mentes... Voltando para como consegui o livro, ela perguntou se a gente conhecia autores famosos negros e a maioria da sala não conhecia, então ela emprestou diversos livros pra gente e um deles foi esse que venho trazer alguns poemas em especial.


POEMA I - Tua pele-noite de Akins Kinte

quando esta tua
                         pele-noite
passeia
            por meu corpo
acampo-me em tuas
                                matas
sacio
        o cio
                a sede
                          o suor
do mias ótimo
                       de teu íntimo
quando esta
                   minha pele
já aquecida
                   a tua boca
ataco
         e tu
num desejo febril
                            me caça
e os lábios cercam
           e a língua lambe
o Falo
quando nós ávidos
                   nos damos
tornamos um
                     um só cheiro
um só corpo
                    num só desejo
adentro
             tua cavidade
umedecida
                  visito
e me despeço
                  e no espaço
me volto
                  refugio
e saio
                  mas me prendo
em tu
                  que me liberta
e nossa água nos inunda
                   esses rios e matas
                                         nos levam ao fundo
no mais ótimo de nosso íntimo
                                        gozo-prazer

 POEMA II - Sinestesia Poética - Akins Kinte

Mesmo que as rádios recusem
e não vire contágio
Que os malandros não usem
Em momento mais ágil
E que eles me acusem
De cópia de plágio
Te fiz o poema
No meu momento mais frágil

Mesmo que mente surta
O que valeu foi. Não é vulto
Meu passado não furta
Minhas dúvidas sepulto
Minha poesia simples e curta
Minha arma. Meus males insulto
Te fiz o poema
Teu coração eu consulto

Fiz antes de raiar o dia
Se disseres pela rua
Isso não é poesia!
É namorando a lua
Que a inspiração me irradia
Te fiz o poema
Sem me preocupar com academia

Que os poetas não declamem
E achem que falta lírio
Os militantes reclamem
Enxerguem seco satírio
De amador me chamem
Façam do texto martírio
Te fiz o poema
Entre realidade e delírio

O que mebal ao desejo
Escrevo no embalo
Sensualidade do beijo
Em meus versos espalho
Seu sussurro o solfejo
Quando meu eu, eu calo
Te fiz o poema
Na cadência do falo

Mesmo se os branco omitem
Dizem ser feia. Mentem
Que os da elite evitem
Me calar tentem
Que os livros não citem
Com seu racismo que atentem
Meu poema é preto como ela preta
Lindo e eterno sentem?

Mesmo que os verso não entre
Teus orifícios teu meios
Não pouse brase em teu ventre
Não fagulhe teus seios
Não de tesão dentre
No enfiar, venham freios
Te fiz o poema
Para bagunçar teus anseios

Mesmo se você amor
Ao ler me nega
E o verso de dor
Cda vez mais me pega
Nas conversas de horror
Digam que sou piegas
Te fiz o poema
Às escuras e às cegas